Prancheta do Yan – A análise tática da primeira decisão do Paraibano 2013

Botafogo e Treze entravam em campo pela quinta vez no ano, duas vitórias para o Belo, um empate e uma vitória do Galo. O confiante Botafogo apostava suas fichas no futebol ofensivo para acabar com a fila de dez anos. Já o Treze vinha com futebol de resultado, defender primeiro para depois jogar, até por que estava com a vantagem a seu favor.

Taticamente Falando

Antes de entrar em detalhes com as formações da equipe, primeiro deve-se ressaltar que o Botafogo entrou em campo com um 4-4-2 estranho, com Fábio Neves caindo pela meia esquerda e Thiaguinho pela ponta-esquerda, ambos bateram cabeça e acabaram por se anularem. Com menos de 10 minutos Vilar percebeu e mudou.

A partir daí o Belo jogou no 4-3-3, isso mesmo, nada do 4-4-2 torto usado até aqui. Thiaguinho agora aberto pela direita e Fábio Neves pela esquerda. Doda centralizado, armando, e participando muito. Hércules e Zaquel desempenhando seu bom papel defensivo de sempre, com Zaquel fazendo papel de zagueiro nas (muitas) subidas ofensivas dos laterais. A forma de jogar do Galo trouxe o Belo ao ataque, tanto que Hércules apareceu em muitas jogadas ofensivas.

Celico e Ferreira também foram bem participativos no apoio, mas não na defesa, mas como o adversário não pressionava muito, o fato não sobrecarregou a defesa. No mais, Warley, André Lima e Thuram fizeram seu papel de sempre.

O Treze veio com a proposta de futebol de resultado, ressuscitando a formação das diagonais (criada pela incrível Húngria de 54 e usada nos clubes brasileiros durante os anos 50-60), não sei se proposital ou apenas por coincidência. Enio zagueiro da sobra, Sandoval e Zanardi zagueiros pelos lados, sem apoiar no primeiro tempo. David Modesto e Kauê jogando como alas e sempre recuando quando necessário e aproveitando as subidas de Celico e Ferreira.

Charles Vagner sempre à frente dos zagueiros e cobrindo bem os lados. Sapé atuou como segundo volante e cano de escape para saídas em velocidade. Daniel Costa não atuou tão bem, pareceu se preocupar mais em fechar espaços que produzir com a bola, não conseguiu armar. Russo entrou aberto pela direita, com muita preocupação defensiva, especialmente marcando o lateral esquerdo botafoguense e Chulapa na sua de sempre, centralizado e homem-alvo das bolas lançadas.

Primeiro Tempo

O time da casa teve mais posse e o domínio das ações, mas não conseguia penetrar na área trezeana, o clube de Campina Grande encaixou a marcação e sufocou por completo as ações ofensivas do Belo, tanto que a maior parte das jogadas de perigo foram de chutes à distância. Porém, quando o Galo saia com a bola, chegava rapidamente dentro da área adversária, reflexo do espaço que o meio campo botafoguense proporciona, já que tem quatro atletas nulos na marcação.

A primeira etapa terminou com domínio do Botafogo e com um Treze tímido nos contra-golpes. Beto já se destacava e aparecia como homem do jogo.

Segunda Etapa

O Botafogo mudou, Wanderley entrou no lugar de Thiaguinho para jogar aperto pela direita. Aos 10 minutos, Zabotto entrou no lugar de Fábio Neves e mudou por completo o jeito de jogar do Belo. Zabotto entrou centralizado, sempre voltando muito para buscar o jogo e Doda entrou pela esquerda, mudança que complicou a vida do camisa 10 do Belo.

Já do outro lado, Vica percebeu que poderia vencer a partida e colocou dois atletas de velocidade: Birungueta e Tiago Souza. A formação continuava 3-6-1, mas agora haviam dois armadores e um centroavante. Enquanto isso Kauê e Modesto estavam mais soltos para atacar e até Zanardi e Sandoval passaram a avançar pelos lados, de forma alternada.

O Botafogo ainda tinha mais posse de bola e mais chances, entretanto, o Galo da Borborema assustava mais nos contra-ataques. E foi num deles que o Treze marcou seu gol, Kauê cruzou na área, Genivaldo e os dois zagueiros foram em cima de Tiago Souza e esqueceram de Birungueta que apareceu livre para marcar, 1 a 0.

O gol foi um choque para o Botafogo, que não conseguia mais jogar. No final partiu para o abafa, praticamente num 2-4-4, com Gil Bala pela esquerda. Levou certo perigo, esteve próximo do gol, mas numa situação de desespero. A partida terminou comum vitória tática de Vica sobre Marcelo Vilar.

E aí?

O Treze tem uma vantagem quase irreversível. As duas equipes se encaixa e uma é o oposto da outra, é defesa contra ataque. Se o Botafogo quiser vencer, terá de se garantir no ataque e PRINCIPALMENTE não oferecer tanto espaço ao adversário. Lembrando, mais uma vez, que o meio-campo do início da competição não oferecia tanto campo para o adversário.

Com a taça na mão, o Galo precisa apenas manter seu foco e continuar jogando da sua forma. Jogando com a aplicação tática e sem afobação, é complicador tirar essa taça do Presidente Vargas. E Vica mostrou ser um treinador incrível, que fez com que uma equipe limitadíssima tecnicamente jogasse de forma competitiva. Simplesmente funcionou.

Equipe @Vozdatorcida

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2 Comentário

  1. Belissima análise…até que fim, posso ler alguma coisa de qualidade….Como Trezeano, Villar é muito bom treinador, mas parece que Vica conseguiu aflorar ainda mais duas coisas que andam próximas no futebol: Limitação tática e garra….me surpreende a disciplina tática do time do Treze, muito embora, não sejam 'craques' de bola….

    Pelo jeito a displina tática e a garra/vontade serão preponderantes para o eventual Título do Treze…

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